Minha produção e pesquisa se desenvolvem ao redor da ideia de escuta, como campo ampliado da arte sonora. O som como matéria para experiência estética me fascina e desafia a continuar desenvolvendo maneiras de amplificar a escuta corporal, não só a dos ouvidos. De fato, que constranger o corpo do outro a perceber som é algo que as avenidas e aviões já o fazem, mas há algo dentro do escopo da percepção sonora corporal que integra e entrecruza os sentidos e o que faço é buscar com certa obsessão maneiras de possibilitar estes momentos de integração.

Entendo que ouvir é uma espécie de tato, e que todos os sons que nos atravessam no dia a dia, deixam memórias sonoras ao longo de todo o corpo. É possível resgatar essas memórias? Como? E o que se faz com as memórias sonoras que percebemos que nosso corpo resgata? Questões como essas permeiam meu processo artístico, sendo força motriz para produzir objetos, instalações, esculturas, peças sonoras, situações, etc, utilizando o som como elemento central.